Muitos investidores latino-americanos modernizaram seus portfólios incorporando fundos de investimento, mas como escolher os certos? Neste artigo, analisamos as chaves para selecionar os melhores fundos de acordo com sua estratégia, estrutura e domicílio, otimizando rentabilidade, segurança e eficiência tributária.
Sabemos que os investidores latino-americanos, especialmente aqueles que investem há mais tempo, têm uma preferência muito acentuada pela renda fixa. Se olharmos para sua carteira, certamente encontraremos de 5 a 20 títulos individuais de países e empresas latino-americanas, além de talvez alguns títulos do tesouro dos EUA. Especificamente em referência aos investidores brasileiros, normalmente nos encontramos com títulos de dívida emitidos offshore das grandes empresas brasileiras como são Petrobras, Vale, Banco do Brasil, Gol etc. O “risco Brasil” fica duplicado, com a posição natural de vida no pais do cliente e os investimentos em empresas brasileiras no exterior.
A intenção do artigo de hoje não é explicar por que discordamos dessa forma de investir. As razões são várias e, em essência, é porque mais risco está sendo assumido para um retorno menor no longo prazo.
Por outro lado, hoje vamos nos concentrar no investidor latino-americano que decidiu modernizar sua carteira de investimentos usando fundos de investimento. Para esse investidor, a pergunta natural será: quais fundos de investimento eu uso?
Para responder a essa pergunta, vejamos as várias opções em várias dimensões.
Fundos de ações, renda fixa ou alternativos?
Para objetivos de curto prazo, é melhor usar fundos de renda fixa, pois seu comportamento é mais previsível no curto prazo e eles têm menos volatilidade.
Para objetivos de longo prazo, como financiar sua aposentadoria, um fundo de ações é uma opção mais sensata. O risco diminui com o tempo e seus retornos esperados são maiores, tornando mais provável que você atinja seus objetivos.
Quanto aos fundos de ativos alternativos (commodities, fundos de hedge, private equity, etc.), não somos a favor de usá-los. As evidências mostram que esse tipo de fundo tem custos muito mais altos, subtraindo de seus retornos, e que também está amplamente disperso. Portanto, se você escolher o fundo errado, seu retorno será muito ruim em comparação com a média.
Como investidores individuais (ao contrário dos investidores institucionais com grandes carteiras), é altamente provável que os fundos que você pode acessar nesta categoria sejam precisamente aqueles que posteriormente têm um desempenho pior do que a média. Tudo isso sem considerar a falta de liquidez, que em alguns casos pode ser superior a 10 anos. Se você entrar nesses fundos com grandes expectativas, provavelmente sairá desapontado.
Fundos ativos, passivos ou sistemáticos?
Isso pode ser um problema técnico para quem não está familiarizado com a indústria de fundos, mas vale a pena explicar por que tem um impacto direto nos retornos dos investidores.
Fundos ativos: são geridos por especialistas que tentam selecionar os melhores investimentos para superar o mercado. Um gerente analisa empresas e compra ações que acredita que subirão mais do que a média. O problema é que esses fundos têm custos altos e, na maioria das vezes, não conseguem superar o mercado de forma consistente. A grande maioria dos fundos se enquadra nessa categoria.
Percentual de fundos americanos ativos que conseguem vencer o mercado:
Fundos passivos: procuram replicar o mercado em vez de vencê-lo. Eles seguem um índice como o S&P 500 ou o MSCI World, comprando todas as ações do índice sem tentar prever quais subirão mais. Sua vantagem é que eles têm custos muito baixos e seus resultados são mais previsíveis e geralmente superiores aos dos fundos ativos. Exemplos típicos de gestores de fundos passivos são Vanguard e iShares (BlackRock).
Fundos sistemáticos: seguem regras baseadas em evidências para melhorar os retornos sem a necessidade de escolher ativos individuais. Em vez de comprar todo o mercado (como passivos) ou tentar prever vencedores (como ativos), esses fundos favorecem empresas com certas características que historicamente geraram melhores retornos, como ações de empresas pequenas e de valor. A Dimensional Fund Advisors é o principal player nesta categoria.
Qual preferimos em Nantas? Não vemos valor nos fundos ativos, pois eles tendem a falhar e são caros. Acreditamos que os fundos passivos são muito bons e que os fundos sistemáticos são ainda melhores, pois combinam diversificação com estratégias baseadas na ciência e demonstraram melhorar os retornos ajustados ao risco de longo prazo.
Fundo mutuo ou ETF?
Existem duas estruturas principais nos fundos mútuos: fundos mútuos ou ETFs (Exchange Traded Funds).
As diferenças entre os dois são pequenas, pois ambos permitem que os investidores acessem carteiras diversificadas com custos mais baixos e gestão profissional.
Se eu tivesse que escolher entre um fundo mútuo e um ETF com a mesma estratégia e custos, escolheria o ETF. A razão é que os ETFs normalmente têm custos de transação interna mais baixos e, em alguns casos, oferecem tratamento tributário mais eficiente em certas jurisdições.
Fundos domiciliados nos EUA ou na Europa?
Para investidores latino-americanos cujo país não tem um tratado fiscal com os EUA., é altamente recomendável evitar fundos domiciliados nos EUA. e optar por fundos domiciliados na Europa (sendo a Irlanda e o Luxemburgo as jurisdições mais atrativas).
Por quê?
Retenção de dividendos: os fundos dos EUA têm um imposto retido na fonte de 30% sobre dividendos, enquanto os fundos irlandeses têm apenas um imposto retido na fonte de 15% ao investir nos EUA.
Imposto sobre herança: Nos EUA, se um não residente morrer com mais de USD 60.000 em ativos nos EUA, seu patrimônio pode ser tributado em até 40%.
Conclusão
Se você é um investidor latino-americano e deseja que seu portfólio seja bem desenhado, a chave não é apenas escolher “fundos de investimento”, mas escolher os fundos certos.
Fundos de ações ou renda fixa: Depende do seu horizonte de investimento, mas o longo prazo recompensa as ações.
Fundos passivos ou sistemáticos: Ambos são superiores aos fundos ativos; na Nantas acreditamos que a sistemática é a melhor opção.
ETFs ou fundos mútuos: Preferimos ETFs por causa de seu custo e eficiência tributária.
Endereço nos EUA ou na Europa: Para a maioria dos latino-americanos, a Europa é a melhor opção.
Cr. Rodrigo Cancela, CFA
Nantas S.A. é uma empresa regulada e supervisionada pelo Banco Central do Uruguai, registrada no Registro do Mercado de Valores, Seção de Assessores de Investimentos.
Copyright © 2024 Nantas SA